A quem você teme?
Preocupo-me com o que os outros pensarão sobre mim.
Tento a dizer o que acho que irá agradar o outro.
Penso mais sobre como impressionar do que como abençoar determinada pessoa.
Evito conflitos em vez de resolvê-los.
Estou disposto a pecar para não enfrentar rejeição de certos indivíduos.
Reajo exageradamente a críticas por enxergá-las mais como ameaça à minha reputação ou como afronta pessoal, em vez de como uma oportunidade para crescer.
Cedo à pressão em vez de me posicionar pelo que sei ser certo.
Anseio ser notado mais do que ser parecido com Cristo...
Alguma dessas atitudes descreve você?
Infelizmente a minha resposta é sim. Claro que não gostaria que você soubesse disso. Aliás, não gostaria que ninguém soubesse nenhuma fraqueza minha, afinal, o que pensariam de mim?! Entendeu? É exatamente assim que funciona. Essa forma de pensar e agir caracteriza o temor a homens. E esse não é simplesmente um hábito prejudicial; é pecado.
A maioria das pessoas tem algum nível de temor a homens. Indivíduos da Bíblia como Abraão ou Pedro lutaram com isso também. A situação do primeiro pode ser lida em Gênesis 12.10-20; a do segundo é mais conhecida – negou a Jesus três vezes por medo do que as pessoas poderiam fazer contra ele. Assim como eles, temos a tendência de buscar na aprovação de pessoas a nossa identidade, a nossa segurança e a nossa satisfação, em vez de voltarmos os nossos olhos para Deus. Porém, Provérbios 29.25 afirma que “quem teme ao homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro”.
Uma dessas armadilhas é o risco que corremos de negligenciar tarefas que poderíamos e deveríamos executar, por estarmos muito preocupados com o que os outros irão pensar – o medo de errar supera a disposição de acertar. Além disso, falta autenticidade em nossos relacionamentos, o que os torna superficiais. Também nos tornamos inseguros, pois baseamos nossas decisões nas opiniões alheias; e ficamos mais suscetíveis à bajulação e à manipulação das pessoas. Tendemos à hipocrisia; deixamos de compartilhar a nossa fé; perdemos nossa paz e alegria; e permanecemos insatisfeitos e descontentes, pois é muito difícil agradar todas as pessoas!
Então por que tememos a homens?
A Bíblia explica que a causa dos nossos pecados não está nas circunstâncias, mas em nossos corações (Mt 5.18,19; Lc 6.45). E temor a homens é o oposto de temor a Deus (Jr 17.5-8), portanto, a primeira coisa que posso afirmar é que falta temor a Deus. Não só isso, mas quem teme a homens, na verdade, idolatra pessoas, porque valoriza a opinião dessas mais do que a dEle; teme desagradá-las mais do que a Ele; deseja a aprovação humana mais do que a divina. Por trás está o orgulho, pois a minha intenção ao agradar as pessoas é ter satisfeito o meu desejo egoísta de que todos me apreciem, me aceitem e me tratem bem. Talvez a descrição mais exata seja idolatria a mim mesmo. Como se não bastasse, por vezes deixamos de firmar nossa identidade e segurança em Cristo, para firmá-las em coisas ou relacionamentos, apoiando-nos em nosso próprio entendimento em vez de confiar em Deus (Pv 3.5,6), e esquecendo-nos do propósito de nossa existência – glorificá-Lo.
Realmente, é impossível vencer esse hábito – por nós mesmos. Só conseguimos substituir o temor aos homens por temor ao Senhor por Sua graça, com Sua ajuda, sob Sua dependência. Por isso, precisamos nos apegar humildemente a Ele em leitura da Bíblia e em oração. Devemos reconhecer a inutilidade e a pecaminosidade do temor aos homens e nos arrepender das motivações e do foco errado dos nossos corações. Mateus 6.21 diz que onde estiver o meu tesouro, estará o meu coração. Portanto, se o meu tesouro for a aprovação, a admiração, o apoio e o amor das pessoas por mim, meu coração estará entregue ao temor a homens. Porém, se meu tesouro estiver em cumprir a vontade de Deus, em Lhe agradar, em desfrutar dEle, então meu coração estará muito mais propenso a se dedicar exclusivamente ao Único que é digno de meu temor. Por isso, é fundamental que a Palavra de Deus molde minha forma de pensar.
E a Palavra deixa claro que Cristo deve ser o único Senhor do meu coração; devo basear a minha identidade e segurança nEle, de modo a não temer nada nem ninguém mais (1 Pe 3. 14b e 15a). Estou sendo transformado à imagem de Cristo, e devo almejar ser cada vez mais parecido com ele (2 Co 3.18; Rm 8.28,29). Agora devo viver como Cristo, para agradar a Deus e não a mim mesmo (Gálatas 2.20; 2 Co 5.14,15). O essencial é amar (buscar, confiar, obedecer) a Deus, e amar (servir, perdoar, edificar) os outros. É necessário que eu aprenda a depender menos das pessoas e a amá-las mais (Mt 22.36-40). Minha grande alegria e satisfação devem estar em Deus (Sl 40.8; 1.2). Devo desejar que minhas obras levem as pessoas a glorificar a Deus, e não a mim (Mt 5.16). Não devo fazer coisas com o intuito de ser visto, nem deixar de fazê-las pelo medo de ser visto; devo fazer tudo como para o Senhor, não para os homens (Cl 3.23,24).
Além de renovar a mente de acordo com a Bíblia, é útil pensar em atitudes práticas que podem ser tomadas na luta contra o pecado. E se temor a homens é fruto de um coração orgulhoso, egoísta, idólatra e com o foco em si mesmo, em vez de em Deus e nos outros, existe uma ótima forma de esmagá-lo: revestir-se de humildade e espírito de servo. Procurar oportunidades de servir aos outros, não para a própria exaltação, mas para o bem deles e a glória de Deus, é um aprendizado valioso no processo de superação do temor a homens.
Outro ponto importante é estar atento aos próprios pensamentos. Pense no que você está pensando! Substitua pensamentos de temor a homens por pensamentos de temor a Deus. Em vez de “O que os outros vão pensar se eu fizer isso?”, reflita sobre o que Deus vai pensar. Não se esforce para fazer com que alguém te admire; esforce-se para mostrar-lhe o amor de Cristo. Não compare a sua beleza com a de outro; compare o seu interior com o de Cristo. Coloque “Tal atitude irá glorificar a Deus?” no lugar de “[...] vai melhorar a minha imagem?”. Troque a preocupação de não passar vergonha pela preocupação de não pecar contra Deus. Em vez de se perguntar o que os outros esperam de você, veja o que a Bíblia diz que você deve fazer. Em vez de cumprir as obrigações para não sofrer as conseqüências, faça-o para ser um mordomo fiel. Tente reescrever o primeiro parágrafo deste texto de acordo com o temor a Deus em vez do temor a homens, para praticar a mudança que deve ocorrer em sua forma de pensar.
E lembre-se, Deus possui promessas maravilhosas para aqueles que O temem. Em primeiro lugar, a Sua vontade é que nós O temamos, e a Sua vontade é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2); logo, temê-Lo é bom, perfeito e agradável – não nos conceitos humanos, mas nos divinos, que são superiores e eternos. E Ele promete instruir o homem que O teme no caminho que deve seguir (Sl 25.12). O temor do Senhor é fonte de vida, e afasta das armadilhas (Pv 14.27); é o princípio da sabedoria (Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10); é uma fortaleza segura (Pv 14.26); e também traz felicidade e bênçãos verdadeiras (Sl 128.1,4; Pv 28.14). Portanto, “Tema a Deus e guarde os seus mandamentos, pois isso é o essencial para o homem” (Ec 12.13).
Este artigo foi escrito por Elisa Souza Bentivegna